Como é um marketing saudável?
Este Texto foi escrito por:
Louise Kuwer Perini (ABQ 1141)
Diretora do Comitê de Ética da ABQ
Vamos nos ater aos fatos: a gente não sai da graduação sabendo de marketing. E por não saber nem por onde começar, pecamos ao presumir que é trabalho demais e só o que entendemos mesmo é de Quiropraxia. Acontece que, como quiropraxistas, oferecemos um SERVIÇO de saúde. Portanto, também vendemos. E como bons quiropraxistas, somos péssimos vendedores.
Vemos o marketing como um fardo, como um trabalho a mais, quando na verdade ele é parte importante do que fazemos. Leia de novo. Uma vez que isso está claro, a gente muda todo um mindset, porque, acreditem, marketing não é só o que a agência que você contratou faz. TUDO É MARKETING.
Marketing é tudo aquilo que engloba a satisfação do paciente ao ser atendido. Pense nisso como algo que acontece antes mesmo do primeiro contato: o atendimento começa quando o paciente encontra o seu contato, seja ele onde for. O jeito que ele te encontra, já causa uma primeira impressão que vai levar à uma cascata de decisões: ele vai entrar em contato com você por qual razão? Entre outras tantas opções, ele vai agendar com você? O que ele quer? E depois que você avaliou e tratou, ele espera algo de você? Qual o valor intrínseco do serviço que lhe foi prestado?
Nossa profissão no Brasil tem apenas 25 anos. É normal que não tenhamos uma cultura ou identidade bem estabelecidas no país - por enquanto. O que também nos dá a oportunidade de criar o presente da nossa profissão para moldar o futuro dela através do nosso marketing.
Como você quer que a Quiropraxia seja vista? Qual a primeira coisa que vem em sua mente quando alguém diz “quiropraxista”? O que você visualiza nas respostas dessas perguntas? Essas impressões são um ponto de partida para como você quer vender o seu serviço e para como você quer que as pessoas te conheçam e reconheçam a sua profissão. A resposta para elas está com os seus pacientes.
Tudo o que o seu paciente já vivenciou e viu agrega nas decisões que ele vai tomar, isso inclui se ele já ouviu falar de Quiropraxia, se ele já foi ou não consultado por um quiropraxista, e mesmo que nunca tenha ido num, se algum conhecido já teve a experiência e comunicou o que sentiu e como foi atendido, bem como tudo o que o seu paciente vê nas mídias sobre Quiropraxia. Tudo isso já é marketing e influencia diretamente no seu atendimento.
Supomos que seu paciente já foi atendido por um colega quiropraxista e teve uma boa experiência com ele, o seu objetivo vai ser atender as expectativas dele. Outra hipótese: seu paciente nunca consultou com quiropraxista, mas vê vídeos extremamente satisfatórios com sons de estalo altíssimos, será que ele vai gostar de um ajuste instrumental?
Saber a percepção do seu paciente sobre o seu trabalho é muito importante para executá-lo de forma efetiva e satisfatória para ele e para você. Precisamos entender com certa profundidade quem são os nossos pacientes/clientes e é por isso que cursos e protocolos de vendas não funcionam: somos seres diferentes com prioridades diferentes e nem sempre vamos agradar a todos. Agora, se o seu paciente não ficou satisfeito em algum grau com o seu atendimento, é porque o marketing foi ruim e isso não depende só de você exclusivamente, o paciente tinha uma expectativa e ela não foi alcançada por n fatores.
Você lembra da época que, para encontrarmos um serviço, precisávamos ter uma lista telefônica atualizada - daquelas pesadas e gigantes - e lá a gente encontrava um nome e um número em ordem alfabética em um espaço pequeno naquela folha com letras ainda menores… Naquele meio, alguns contatos se destacavam: os que tinham uma imagem, um espaço maior, uma cor diferente… Hoje as listas ficaram obsoletas e para pesquisarmos serviços vamos para o Google e depois para o Instagram nos certificarmos de que aquela pessoa ou marca tem mesmo o que a gente precisa - há ainda quem busque no Instagram direto, sem nem passar pelo site de buscas. Nossas redes sociais, como aparecemos para nosso potencial paciente, influencia muito na tomada de decisão dele. Pensando no público que quer atender ou que atende, gerar identificação é muito importante.
Infelizmente a gente vê muito assédio disfarçado de marketing na nossa profissão: vídeos apelativos, ajustes performáticos, toques desnecessários, sons orgásmicos, um completo show de horrores e desrespeito com quem está sendo atendido e com a própria profissão. A quem interessa esse tipo de conteúdo? Que confiança esse conteúdo traz para quem assiste? Você acha que é possível manter um negócio assim? Basta olharmos o Código de Ética das profissões de saúde já bem estabelecidas no nosso país, que possuem autarquias punitivas e que zelam pelos pacientes em cláusulas específicas de publicidade e propaganda. Enquanto não temos uma profissão regulamentada, a gente combate esse marketing doentio, desrespeitoso e desonesto criando conteúdo de qualidade: um marketingsaudável, honesto e efetivo. Ética a gente desenvolve e não é porque nossa profissão não é regulamentada que podemos fazer o que bem entendemos quando o assunto é divulgar a profissão.
A Associação Brasileira de Quiropraxia tem um Código de Ética que muitos não conhecem, mas está disponível aqui. Um marketing saudável é um marketing autêntico, respeitoso e verdadeiro. Aquele que não usa a imagem do paciente sem a devida autorização, que não faz comparações fantasiosas, que não promete mentiras, que não desrespeita, que não espalha e nem cria informações falsas.
E não, não é fácil bater de frente com a desinformação por um bem maior, por um bem coletivo… A gente sabe que esse marketing abusivo e a qualquer custo não tem nada a ver com a gente, mas tem quem não saiba, e é aí que a gente entra e faz acontecer. Pelo nosso bem, pelo bem do paciente e pela nossa profissão.







